Para tudo! Precisamos falar sobre m⁶A


A parceria de Chuan He, químico da Universidade de Chicago, e Tao Pan, biólogo molecular, gerou muitos estudos na área de epigenética. He trabalhava com uma família de proteínas que reparava DNA danificado e suspeitava que também poderiam agir no RNA. E, Pan estudava marcadores bioquímicos (grupos metil presentes no RNA). Ambos trabalhavam no mesmo prédio da Universidade, e eles começaram a se encontrar regularmente. Depois de algumas reuniões, uma grande ideia surgiu em conjunto com publicações de pesquisas de epigenética.

Quando eles começaram a trabalhar juntos, a maioria das pesquisas epigenéticas se concentravam nos marcadores associados ao DNA e em proteínas histonas. Além disso, mais de 100 tipos diferentes de marcadores foram identificados no RNA, porém ninguém sabia o que eles faziam. Logo, viram que algumas das enzimas que He estava estudando podiam tirar esses grupos metil, e He e Pan se perguntavam se um deles poderia trabalhar em RNA. Logo, pensaram que se os marcadores pudessem ser revertidos, eles poderiam constituir uma maneira inteiramente nova de controlar a expressão gênica.

Mais tarde, essa pesquisa deu origem a um oma (epitranscriptoma) em que He mostra que um grupo metil ligado a adenina, tem crucial papel na diferenciação celular e podem contribuir para o câncer e obesidade.

O dogma central afirma que informações fluem de DNA para RNAm e depois para proteína. Entretanto, poucos cientistas focaram no papel do RNAm, só nas modificações feitas por ele. Anos depois da pesquisa ser iniciada, cientistas do laboratorio de He focaram no FTO, parte da família de enzimas de metil-stripping que He estava pesquisando. Eles testaram a atividade de FTO em m6A (N6-metil adenosina) e o marcador desapareceu. Mostrando pela primeira vez que a metilação do RNA era reversível, assim como marcadores encontrados no DNA e histonas.

Posteriormente, publicaram os primeiros mapas de m6A mostrando que sua distribuição não era aleatória. Ao passar dos anos foram identificados uma maquinaria envolvidos na regulação desses marcadores. m6A não afeta apenas RNA splicing, mas também tradução e a estabilidade do RNA. Então, se m6A dirige uma célula para produzir uma proteína ou destruir uma transcrição, ele depende da localização do marcador e do leitor que se liga a ele. Portanto, fica claro que o m6A tem papel fundamental na diferenciação celular.

Mais pesquisas foram aprofundadas para entender a função do m6A e 6mA (DNA equivalente a m6A - N6-metil adenina) e de outros marcadores. Ano passado foi descoberto pelo grupo outro marcador chamado m1A (N1-metil adenosina) que também promove tradução embora o mecanismo seja diferente do 6mA.

Enfim, como podemos ver aqui, segundo Rechavi, geneticista da Univeridade de Israel envolvido no mapeamento do m6A, estamos apenas no início da história e ainda há muito que se descobrir sobre o m6A.


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Por Lívia Ferreira, Heiny Fernandes, Leticia Kobayashi, Isabella Coscarella e Diego Aguiar 

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