GENÉTICA E SUAS CRIAÇÕES EM: MOSCAS E SEUS RELÓGIOS SEM PONTEIROS

Os organismos utilizam relógios endógenos que respondem a eventos ambientais para regular atividades próprias a ele. Um fenômeno ambiental importante é o ciclo circadiano, as alterações no dia que têm ligação direta com o funcionamento do corpo, como o pôr e nascer do sol, variações de temperaturas, as fases da lua, e até as marés nos oceanos.


Um artigo recente publicado na revista Nature em 2015 mostrou que a investigação do genoma de moscas das espécies D. melanogaster e C.marinus revelou uma série de novas moléculas ligadas a esses fenômenos, além de variações nas sequências de genes (polimorfismos), que são importantes para entender as adaptações evolutivas de reação aos ciclos circadiano e lunar.


C. marinus é uma espécie de mosca que vive em regiões oceânicas, e sua reprodução é dependente de eventos do ciclo lunar e ciclo circadiano. Seu genoma foi sequenciado com o objetivo de encontrar adaptações genéticas evolutivas específicas relacionadas a esses fenômenos. Cinco dessas variações foram avaliadas em espécies de regiões diferentes.

Um desses achados foi a deformação específica (splicing, alteração genética responsável pela variabilidade) na abundância da proteína cinase II.1 dependente de Cálcio-calmodulina (CaMKII.1). Essa proteína aumenta a produção de proteínas da mosca (Cma- CLOCK, Cma-CYCLE), as quais são importantes para a regulação fisiológica. Ou seja, essa alteração morfológica é um achado de adaptação evolutiva, pois afeta a duração do período circadiano no organismo da mosca, afetando sua reprodução.
Sabe-se também da função da CaMKII.1 em modular a capacidade do cérebro em criar novas conexões entre seus neurônios (sinapses). Tal função foi sugerida em estudos anteriores como associação entre doenças neuropsiquiátricas e alterações cronobiológicas. Entre essas doenças, destacam-se os distúrbios relacionados ao sono, onde a interferência dos hábitos da vida moderna ocasiona não só em horas perdidas de descanso, como em problemas futuros em vários sistemas do corpo. Mais estudos são necessários para determinar se a modulação da atividade dessa proteína constitui uma ligação molecular entre esses fenômenos. 

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Por Carina Heusner, Lizandra de Souza Santos, Leticia Kobayashi, Isabella Coscarella e Diego Aguiar

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