Pluripotentes: potentes para cura, potentes para doença, potentes para ciência
Parece poema, mas é problema! Ainda existe muito a ser debatido na ciência, sobre uma questão que divide cientistas: células pluripotentes. Estas possuem alto grau de indiferenciação e também capacidade de se autorrenovar, importante para modelagem de doenças e medicina regenerativa. Porém a polêmica está em seu uso, de maneira médica e também ética.
Para
uma aplicação médica essas células devem ser cultivadas e se
manterem geneticamente íntegras, e aí está a dificuldade! Por
serem muito instáveis quando em um cultivo prolongado, são diversas
as mutações que podem afetá-las e atrapalhar suas funções em
vários níveis. Dentre elas, alterações epigenéticas, como a
metilação do DNA, vão influenciar na expressão gênica e
manutenção dos seus padrões. O resultado disso pode ser negativo,
parecido com o que acontece em casos de tumor. E foi isso que
pesquisadores de Israel mostraram no artigo “Culture-induced
recurrent epigenetic aberrations in human pluripotent stem cells”.
Para
comprovar, usaram culturas de células pluripotentes e analisaram
amostras que, durante o cultivo, apresentaram metilação e mudança
de expressão, avaliando quais genes normalmente são metilados e
silenciados. Mostraram
que as mudanças se propagavam por forças seletivas atribuídas por
alterações nas funções que regulam propriedades das células.
Este processo de acúmulo de mutações das mais variadas magnitudes
(escalas cromossômicas até nucleotídeos específicos), que
favorece o crescimento de células aberrantes em meio de cultura tem
muitas similaridades com o processo cancerígeno.
O
gene TSPYL5
foi um dos focos do estudo e, ao ser silenciado, ocorreu uma redução
na expressão de diferenciação e promoção de genes supressores de
tumores (Sem esse gene, não há como impedir o tumor de crescer!),
além de promotores de crescimento e pluripotência serem ativados.
Isso sugere uma seleção positiva (as novas características
permanecem), comprovando as hipóteses e a relação com a progressão
tumoral. Para de fato entender essas metilações causadoras dessas
aberrações no DNA ainda necessitamos de mais estudos, mas as
aberrações epigenéticas que a cultura de células apresenta ficou
evidente e, portanto, comprovada.
Se interessou pelo assunto? Aprofunde-se mais clicando no link abaixo!
Aberrações epigenéticas recorrentes induzidas pela cultura em células-tronco pluripotentes humanas
Por Mariah Vecchi, João Pais, Dimitri Marques e Diego Aguiar
Por Mariah Vecchi, João Pais, Dimitri Marques e Diego Aguiar
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