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Dor, Doideira, Destino ou Doença

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          A Síndrome Dolorosa Regional Complexa tipo I (SDRC I) é uma síndrome caracterizada pela dor crônica sintomática pós-lesão ou cirurgia. A hiperalgesia (exacerbação da sensibilidade à dor) muscular crônica é um dos sintomas mais clássicos oriundos dessa condição. O tratamento com imobilização é utilizado em aproximadamente metade dos pacientes com SDRC I, apesar de estudos revelarem que o desuso de membros saudáveis origina hiperalgesia no membro imobilizado.             As principais drogas prescritas para o tratamento de dor causada por lesão, inflamação ou neuropatia são inibidores de canal de Ca +2 α2δ, anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e inibidores da recaptação da serotonina e noradrelina (IRSNs). Entretanto, o mecanismo pelo qual o desuso induz dor ou faz com que dor se torne crônica permanece pouco esclarecido, e um tratamento definitivo para essa condição ainda não foi desenvolvido.              O artigo publicado em 2018 na revista Science Reports, "

O Tendão de Aquiles, Muito Mais Que Um Ponto Fraco

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Existe uma complexa relação entre a ação das fibras musculares e a junta sobre a qual agem. Um exemplo disso seria o calcanhar, que teria capacidade de se dobrar pelo menos duas vezes mais do que aquilo que suas fibras musculares permitem. A capacidade de dobramento do tendão é um fator importante na determinação do deslocamento do pé em relação ao encurtamento das fibras musculares. No entanto, não se sabe os diversos mecanismos que podem causar esse dobramento. Amostras de tecido laboratoriais, ou in vitro, do tendão de Aquiles mostraram uma peculiar característica anatômica de ser quase reto longitudinalmente apesar de ambas as suas extremidades serem completamente separadas do resto do corpo. Uma explicação mecânica seria que o tendão isolado ficaria em linha reta caso fosse tensionado, porém, experimentos com amostras obtidas de tecido vivo mostram que ele tende a dobrar mesmo sofrendo contrações fortes. Através de estudos foi visto que uma obstrução causa a curvatura do ten

Mais um Passo para Entender o Sarcoma Ewing

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       O Sarcoma de Ewing é tipo raro e maligno de câncer que ossos e tecidos moles de crianças e adolescentes. Acredita-se que a causa pode ser genética e ligada a alterações moleculares nos cromossomos (moléculas constituídas de DNA e proteínas), onde uma proteína , EWSR1, comumente expressa se associa a outra FLI1, raramente expressa, gerando um conjugado (EWS-FLI1) capaz de alterar a transcrição gênica.          Durante o estudo foram realizados diversos métodos para análise genética de modo a compreender o papel destas proteínas nas vias de transcrição e reparo do DNA, através da comparação entre o comportamento de células provenientes do sarcoma de Ewing e células de fibroblastos humanos e de osteossarcoma pediátrico.           Para compreender este complexo e valioso estudo é preciso compreender o processo de transcrição do DNA, ou seja, quando informações genéticas presentes nestas moléculas são transcritas para moléculas de RNA, possibilitando que tais informações sejam

O Neurônio Viciado

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                  A oscilação lenta (SO) consiste em uma mudança de estado das células do córtex cerebral (entre polarizado e despolarizado) observada em períodos de menor atividade do cérebro, como em sono profundo ou anestesia. Os estados se alternam numa frequência na faixa de 0.2 a 1 Hz e é importante a consolidação e formação de memória de longo-prazo, através da criação e do reforço de redes neurais (principalmente de caráter dopaminérgico).                 A cocaína é um éster do ácido benzoico outrora utilizado como anestésico local, hoje conhecido como uma potente droga recreativa estimulante. A cocaína age inibindo a recaptação de diversos neurotransmissores, especialmente as catecolaminas, como dopamina (DA) e noradrenalina (NA). O reforço para sua utilização e posterior adicção se dá por estruturas que compõem o “centro de recompensa”, como a Área Tegmentar Ventral (VTA).                 Neste artigo foi   experimentado se a cocaína exerce influência sobre a SO

Os Vasos do HIPPO

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A mecanobiologia é a nova moda na ciência e o componente central das discussões é a via de sinalização HIPPO. Essa via É importância na regulação do desenvolvimento dos folhetos embrionários entre outras funções a de estimular a angiogênese, que é a formação dos vasos sanguíneos. Portanto, compreender os  efeitos desta sinalização é fundamental. Ao usar um sensor para esta via, os autores do estudo descobriram que o Receptor do Fator de Crescimento do Endotélio Vascular (VEGFR) atua como um regulador da via de sinalização hippo da seguinte forma:  A ativação do VEGFR pelo VEGF (Fator de Crescimento do Endotélio Vascular) ativa os sinalizadores PI3K/MAPK que subsequentemente inibe a LATS e ativa as proteínas efetoras (proteínas que regulam as atividades dos genes) da via de sinalização Hippo-YAP e TAZ. Essa via Hippo-YAP vem sendo relacionada à propensão de formação de tumor angiogênico.  Dessa forma, pode-se dizer que a ativação do VEGFR regula negativamente a via hippo em cé

Legalizar é a Maior Barreira Agora

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        O câncer hepático é um dos tumores mais comuns e o terceiro maior causador de mortes no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde a incidência de câncer hepático deve aumentar até 2030. Não houve melhora significativa na sobrevivência de pacientes nas últimas duas décadas e os tratamentos atuais são aplicáveis apenas em estágios iniciais do tumor e inclui resistência tumoral, transplante, etc . No entanto há cerca de 50% de reincidência do tumor.          O mecanismo mais importante na progressão do câncer é a proliferação celular. Por esse motivo, vários estudos testaram a eficácia de agentes que, seletivamente alvejaram importantes vias de sinalização, envolvidas no controle do processo do desenvolvimento tumoral e apontaram relevante melhora no prognóstico/sobrevivência dos pacientes.          Canabinoides são lipídios mediadores originalmente isolados da planta Cannabis sativa que produzem seus efeitos ativando principalmente dois receptores acoplados à prot

Diabetes: Muito Além de Restrições Alimentares

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         A diabetes é uma doença metabólica, caracterizada por altos níveis de açúcar no sangue, todos já sabemos. Ela afeta grande parte da população e torna necessário ajustes a dieta e estilo de vida dos diagnosticados com ela. Ela também pode acarretar diversos outros sintomas e doenças menos conhecidas, como a Neuropatia Diabética. Recentemente, curiosos cientistas realizaram uma pesquisa para conhecer os efeitos da Diabetes Mellitus no funcionamento e dinâmica de músculos das mãos. Eles fizeram uma comparação entre a coordenação dinâmica dos músculos intrínsecos da mão entre diabéticos e não diabéticos para o movimento dos dedos indicador e polegar.                 Usando sensores desenvolvidos especificamente para esse estudo, foi medida a força dos músculos abdutor curto do polegar e do primeiro interósseo dorsal, relativo ao indicador, em três “exercícios”. Estes foram: relaxamento dos músculos, ou seja, mantê-los inativos por um determinado período, segurar com o i