Dor, Doideira, Destino ou Doença
A
Síndrome Dolorosa Regional Complexa tipo I (SDRC I) é uma síndrome caracterizada
pela dor crônica sintomática pós-lesão ou cirurgia. A hiperalgesia (exacerbação
da sensibilidade à dor) muscular crônica é um dos sintomas mais clássicos
oriundos dessa condição. O tratamento com imobilização é utilizado em
aproximadamente metade dos pacientes com SDRC I, apesar de estudos revelarem
que o desuso de membros saudáveis origina hiperalgesia no membro imobilizado.
As principais drogas prescritas para
o tratamento de dor causada por lesão, inflamação ou neuropatia são inibidores
de canal de Ca+2 α2δ, anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e
inibidores da recaptação da serotonina e noradrelina (IRSNs). Entretanto, o mecanismo
pelo qual o desuso induz dor ou faz com que dor se torne crônica permanece
pouco esclarecido, e um tratamento definitivo para essa condição ainda não foi
desenvolvido.
O
artigo publicado em 2018 na revista Science
Reports, " Therapeutic effects of diclofenac, pregabalin,
and duloxetine on disuse-induced chronic musculoskeletal pain in rats",
demonstrou que a hiperalgesia muscular crônica (HMC) em modelo de SDRC em ratos
não foi causada por um mecanismo inflamatório e provavelmente nem por um
mecanismo neuropático.
Os grupos tratados com diclofenaco
(AINE) e pregabalina (inibidor de canal de Ca+2 α2δ) não tiveram
melhora na hiperalgesia muscular aguda (HMA) ou crônica, enquanto que o grupo
tratado com duloxetina (IRSN) apresentou melhora significativa somente na HMA.
Entretanto, a administração intratecal de DAMGO - um agonista do receptor μ-opióide
relacionado com a melhora da ação farmacológica - resultou na reversão do
estado de HMC, o que indica que o mecanismo de ação desses fármacos nesses
modelos deve ser melhor estudado.
O medo de sentir dor com qualquer
movimento (cinesiofobia) ocasiona na evitação da movimentação corporal, que por
sua vez resulta no desuso e limitação das atividades motoras, proporcionando a
permanência da dor, o que faz com que o medo persista, gerando assim um ciclo
vicioso.
Essa condição reflete numa queda na
qualidade de vida do indivíduo afetado, uma vez que o desuso acarreta em
alterações físicas (como por exemplo, atrofia muscular), psicológicas e
sociais, o que evidencia a necessidade do esclarecimento de mecanismos biológicos
que provocam esse estado degradante.
Por Denis Costa, Victor Hugo e Diego Aguiar
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