Quanto Cu$ta um Artigo?

     A comunicação com a nossa audiência é algo imperativo para o cientista, seja em uma comunicação oral, escrita ou audiovisual. Nossa capacidade de apresentar os dados obtidos no laboratório é tão importante quanto obtê-los. Atualmente existem milhares de revistas, divididas em três grandes áreas, entre elas as ciências da vida e da Saúde, física e engenharia e ciências sociais e humanidades. Cada uma destas áreas possui revistas com suas peculiaridades e detalhes. As que eu conheço, estão no grupo das ciências biológicas e da saúde. Elas me cobram entre 500 a 1200 dólares para publicar os meus artigos. Se imaginarmos que pesquisador com 10 anos de doutorado consegue realizar 5 publicações por ano, e despende um valor médio de 850 dólares por publicação. Ao multiplicarmos pela cotação do dólar atual, chegamos a 5100 reais por artigo e um total de 25500 reais pagos de editoramento para revistas internacionais anualmente. Tudo isso, só para ter cinco artigos publicados em um único ano. Um absurdo! Ah...já ia esquecendo de dizer. Além dessa tal taxa de publicação, os pesquisadores envolvidos, tem que renunciar aos direitos autorais e transferi-los para a revista. Para que a revista possa cobrar pelo acesso posteriormente. 

    Calma que pode piorar! Somente na esfera pública, precisa ser contabilizado o investimento em educação que o estado faz na graduação, na pós-graduação, no pagamento dos salários dos pesquisadores que comandam as pesquisas em instituições públicas e no financiamento que as fundações e autarquias fazem para realização dos projetos. É certamente um montante representativo. Tudo isso, para testar uma hipótese científica, que tem função estratégica não só na formação de recursos humanos, mas também na criação de novas tecnologias que possuem função indiscutivelmente importante para a sociedade. A indignação ela mora naquele tal “final das contas”, onde o recurso financeiro usado para pagar a taxa de editoramento é só mais uma forma de enriquecer as revistas e distanciar os pesquisadores que possuem rubrica para este fim em moeda forte, daqueles que mantém seus laboratórios a duras penas em países em desenvolvimento, ou seja, você paga para desenvolver, você paga para publicar e depois você paga para ter acesso ao seu próprio artigo. Quem é esperto nessa história?

 

Por Diego Aguiar.

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