A irmandade aborígene na Austrália provada pelo genoma mitocondrial tem 50 mil anos


A Austrália é conhecida como a terra onde tudo pode ser fatal. Com aranhas gigantes, crocodilos e até cangurus praticantes de kickboxing. Somente bravos guerreiros como os aborígenes australianos suportaram estes desafios ao longo dos tempos com sucesso, mas resta uma nobre questão, de onde eles vieram?
Um estudo realizado através de amostras de cabelos dos aborígenes australianos coletados durante expedições entre 1920 a 1970 pela Universidade de Adelaide permitiu reconstruir as relações genéticas e filogeográfica dos grupos aborígenes antes dos efeitos da colonização europeia. Os mitogenomas - genoma encontrado dentro das mitocôndrias - dos aborígenes apontam para a origem do povo de Sahul, unificação da Austrália e da Nova Guiné como vemos na foto, portanto todos os grupos existentes de aborígenes australianos possuem um ancestral em comum. Os resultados publicados na revista científica Nature, sugerem que o povo colonizador do Sahul migrou rapidamente vindo do Norte em direção ao Sul, curiosamente ao longo da região costeira, por mais de 50 mil anos.


A migração dos diferentes grupos foram se diversificando, habitando diferentes paisagens ao redor da Austrália. Em outras palavras, o grupo aborígene A que habitava o leste não foi visto no oeste, onde era dominado pelo grupo B. Sabe-se que a história aborígene está entrelaçada com a paisagem, já que esta interação com o meio ambiente foi condição sine qua non para sobrevivência destes grupos às mudanças ambientais extremas ao longo dos anos. Até agora já foram identificados 54 tipos de DNA mitocondrial, ou seja, 54 rotas de migrações diferentes.
Outro achado importante foi que não só os grupos são geneticamente relacionados com o povo originário de Sahul, como também são correlacionados entre si. Durante o estudo, foi visto uma forte relação entre os grupos, apesar de suas distâncias, ou seja, os grupos vizinhos geograficamente se relacionaram geneticamente. Mais um achado científico que suporta a ideia de que somos todos irmãos ou parentes, apesar de nossa diferença fenotípica.  

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Por Felipe Eloy, Luana Corona, Leticia Kobayashi, Isabella Coscarella e Diego Aguiar

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