A esperança nos modelos de camundongos

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença caracterizada pela morte celular específica dos neurônios motores, levando a uma falha na transmissão neuromuscular resultando em fraqueza muscular levando à paralisia. Tanto fatores genéticos quanto ambientais contribuem para a patogênese da doença, sendo os genes mais comumente mutados o SOD1, C9ORF72, TARDBP e FUS. Desde quando a ELA foi descrita, ficou claro que a junção neuromuscular desempenha um papel importante na patologia. É importante que as mensagens do neurônio motor sejam passadas eficientemente para a fibra muscular para produzir movimento, portanto, a estabilidade na junção neuromuscular é crucial, ela consiste em um terminal nervoso de um neurônio motor, o lado pré-sináptico cobrindo a 'placa terminal' no lado pós-sináptico, um grupo de invaginações na membrana coberta por receptores de acetilcolina, que ativados por um potencial de ação, contraem a fibra muscular. O indicador mais claro de disfunção da junção neuromuscular é quando a mesma está desnervada.
O diagnóstico da doença é difícil, apesar das técnicas utilizadas para compreender a ELA. Logo, para investigar ainda melhor o papel da disfunção da junção neuromuscular na progressão da doença, foram utilizados camundongos como modelo, considerando suas diferenças com os humanos e entre si. Ademais, foi possível observar nos camundongos com mutação no gene SOD1G37R, a disfunção é precoce, no entanto, em camundongos hTDP-43∆NLS, a expressão via doxiciclina levou à reinervação e função muscular, recuperando o camundongo, já que perda agressiva de neurônios motores foi evitada, fornecendo a esperança de que a disfunção possa ser reversível. Apesar da esperança de uma reversibilidade, os modelos de camundongos podem não necessariamente se traduzir em humanos, por causa da heterogeneidade, sendo parcialmente confiáveis. Porém, a integridade das junções neuromusculares devem continuar a ser consideradas como um tratamento alvo terapêutico devido ao seu papel precoce na progressão da doença.

Referências: Alhindi A, Boehm I, Chaytow H..Small junction, big problems: Neuromuscular junction pathology in mouse models of amyotrophic lateral sclerosis (ALS). Journal of Anatomy, pag. 1090-1107, Maio 2021. Disponivel em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34101196/ 

Texto e imagem elaborados pelas discentes de Farmácia da UERJ ZO, Julia Carvalho e Graciele Lira
Revisão textual por Samiris Fernandes
Publicado por: Diego Aguiar e Fabíola Duarte Docente.

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