A seleção natural modulou o fenótipo do corpo humano sexualmente diferenciado

 Há uma incerteza a cerca da historia evolutiva do dimorfismo sexual em humanos. Uma hipótese bem difundida é de que os níveis de diferenças físicas entre homens e mulheres teriam reduzidos significativamente após a transição agrícola, com divisão de trabalho mais igualada e adoção de novas tecnologias. Um trabalho com dados de mais de 300 mil participantes foi realizado para testar essa hipótese. Os dados foram obtidos do Biobank do Reino Unido e foram analisadas variantes genéticas associadas a cinco fenótipos humanos sexualmente diferentes: altura, massa corporal, percentual de gordura corporal e circunferências do quadril e da cintura. 
A abordagem que foi aplicada para identificar estas variantes genéticas foi o estudo da associação genômica ampla (GWAS), que busca correlacionar determinado polimorfismo (em especial os SNPs – polimorfismo de nucleotídeo único) a determinado fenótipo específico. Este trabalho buscou encontrar sinais de seleção positiva recente (~ 3.000 anos) de SNPs que explicaria a redução das diferenças dessas características entre homens e mulheres, mas para um dos fenótipos, o percentual de gordura corporal, foi encontrado justamente o oposto, ou seja, seleção positiva de SNPs responsáveis pelo maior percentual de gordura em mulheres, aumentando a diferença desta característica entre elas e os homens, em vez de reduzir. Isso faz com que o estudo seja conflitante com a hipótese de redução de diferenças após a transição agrícola. O estudo levanta ainda que a redução desses níveis de diferenças pode ser decorrente de um processo evolutivo longo demais para ser correlacionados a mudanças culturais recentes, sendo mais provável de se tratar da ocorrência de um processo de deriva genética do que de seleção natural por adaptação. Em resumo podemos dizer que os estudos na área não levam a nenhum consenso, apenas levantam discussões e hipóteses sobre o assunto, sendo necessários mais estudos pertinentes.

Por André Luis Félix da Silva Terres e Luís Augusto Casemiro Romero da Silva, discente de Farmácia da UEZO.
Docente: Diego Aguiar

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