Vamos conversar sobre HIPERTERMIA MALIGNA!!!
A hipertermia maligna (HM) é uma doença farmacogenética potencialmente letal que acomete indivíduos geneticamente predispostos. Costuma se manifestar quando indivíduos susceptíveis são expostos a certos fatores (anestésicos inalatórios, relaxantes musculares despolarizantes ou atividade física extrema em ambientes quentes, p. ex.). Esses agentes desencadeiam um acumulo rápido e sustentado da concentração de cálcio citoplasmático (Ca2+cito) induzido pela hiperativação dos receptores de rianodina (RyR) do músculo esquelético, causando uma alteração profunda na homeostasia de Ca2+ na célula e gerando um estado hipermetabólico danoso ao organismo. As células relaxadas do músculo mantêm concentrações baixas de Ca2+cito, mas no momento da contração precisam de mais íons. Essa suplementação é feita pela liberação controlada a partir de estoques específicos (retículo sarcoplasmático, p. ex.). Essa liberação de Ca2+ do retículo para o citoplasma se dá pelos RyR. No entanto, pessoas susceptíveis à HM, apresentam RyR mutantes. Estes são fracos e promovem liberação descontrolada de Ca2+ que altera a homeostasia da célula e leva a uma aceleração do metabolismo e atividade contrátil do músculo esquelético. Os processos de contração muscular e de reabsorção desse excesso de Ca2+ consomem grandes quantidades de ATP e geram um excesso de calor (hipertermia). O esgotamento dos estoques de ATP causa rigidez muscular e resulta no rompimento da membrana do músculo esquelético (rabdomiólise), com o extravasamento dos seus constituintes (K+, creatina, PO42-, mioglobina). A perda do K+ resulta em acidose metabólica e arritmias cardíacas. O metabolismo acelerado gera um maior consumo de O2 (hipóxia celular), acidose láctica progressiva e excesso de geração de CO2. Os primeiros sintomas são taquicardia, hiperventilação, rigidez muscular localizada, cianose, arritmias, sudorese profunda e hipertermia. Atualmente, o método padrão para o diagnóstico de sensibilidade à HM é o teste de contratura muscular para exposição ao halotano-cafeína e o único tratamento é o uso de dantroleno.
Colaborador: Michelle André da Silva
Disciplina: Biofísica
Professor: Diego Aguiar
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